segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

não deixes para celebrar amanhã, o que podes celebrar hoje






se há coisa que me desmotiva é perguntar a alguém como é que correu determinado acontecimento ou evento festivo, digno de uma razoável satisfação (quanto mais não seja pelo facto de estarmos vivos para celebrar o facto) e do outro lado ouço um seco e desinteressado :




                                                          " -hã...passou-se. "


eu é que me passo, pá.
eu é que me passo com o desinteresse levado a cabo na vivência dos dias, como se isto (vulgo, a vida) fosse uma fonte infinita, inesgotável e negligenciável de horas que se parecem traduzir como um autêntico frete e basicamente, um favor que fazemos ao ar, por o respirarmos.
deixem estar, este natal "passou-se". Se bem me lembro o do ano anterior também se "tinha passado", mas não há problema nenhum nisto, porque afinal de contas ainda temos 6578 natais pela frente, portanto podemos descurar estes todos que se vão "passando".
será problema meu...? serei sôfrega por assumir esta perspectiva...?
olhem, senhores e senhoras que apregoam a seco o "hã...passou-se" e que em simultâneo encolhem os ombros como se ainda tivessem um chorrilho de dias absolutamente fantásticos pela frente,
deixem-me dizer-vos uma coisa:

há momentos em que de facto podemos não estar propriamente virados para celebrar mais um aniversário, ou um natal, ou um fim de semana, ou a festa de um amigo, mas caramba, se não aproveitarmos essas oportunidades de celebração enquanto andamos aqui, no mundo dos vivos e se não rasgarmos ainda mais os níveis do riso, zelando pela preservação individual da serotonina que só existe se formos felizes...quando? quando vamos fazê-lo? quando estivermos na fila da segurança social ou à espera de consulta no centro de saúde...?
lá está. Há uns anos atrás fui submetida a uma cirurgia, não foi fácil. Quando me perguntam sobre isso ou eu própria o relembro, só me vem à cabeça uma palavra:

                                                            -passou-se.

e a seguir, é rir, partir para a "reinação", aligeirar a rudeza dos dias pouco meigos e não perder uma boa oportunidade de ce-le-brar
hoje,
agora se possível.

quanto ao amanhã, logo se vê.

Bom Ano Novo :)




  o mundo a meus pés, no meu grande mundo que é a minha casa.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

que a memória não me fuja




o Natal terá sempre para mim o sabor ímpar da infância,
será sempre o cheiro de uma lareira a arder na envolvência de uma noite fria,
será sempre as minhas faces ruborescidas pelo calor dessa mesma lareira que ardia,
as travessas de loiça antiga, tão antiga, nas quais se dispunham o bacalhau, as batatas e as couves, estas últimas que eu mesma tinha ajudado a apanhar horas antes, ou julgara eu que ajudava.

lembro-me de inspirar aquele ar de pureza de campo, em miscelânea perfeita com fumo e inverno e saber no mais profundo de mim que uma das minhas maiores riquezas de vida, seria a memória de tais dias e noites de infância.
a memória de dias quentes de Verão
e,
o cunho eterno de Natais tão simples e tão perfeitos.
e a cada ano que passa nesta época, torna-se inevitável não olhar para trás e avistar ao longe essa miúda que eu fui e sentir-lhe tão bem, a alegria no rosto.




*na foto, a minha miúda, para quem hoje já era Natal.

Feliz Natal para quem aqui passa :)



quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

is this for real...?

tenho uma pancada tão forte por casas, que não há explicação para tal.
não sei, já é de mim.
um dos meus blogues preferidos no que respeita a este assunto de casas e decoração, está ali do vosso lado direito, na minha lista de loved ones.
já falei nele por aqui e tornarei a falar, porque de facto não tenho como não o fazer, já que nele figuram casas que me enchem totalmente as medidas.
a última é esta e se querem saber mais, espreitem aqui porque vale bem a pena.




























































































quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

desejos do meu contentamento



prendas ideais para o natal são os livros, não quero saber de mais nenhum artefacto. Tudo o resto é saúdinha e boa disposição, ah pois é.
existem muitos livros por este mundo fora que eu gostava de ter, mas isso implicava que eu fosse obrigada a tirar uma licença à vida quotidiana, para poder ter tempo de os degustar a todos convenientemente.
como tal, eis aqueles que de momento são o meu grande desejo de consumo:


  • Lisboa- cidade triste e alegre  





desejo-o com uma ambição desmedida.




  • How to be Parisian wherever you are





eu não pretendo tornar-me numa rapariga parisiense onde quer que eu esteja, mas este livro, que eu já tive a oportunidade de folhear está muito giro graficamente falando, com curiosidades interessantes e claro, para quem adora Paris que é o meu caso, é uma rica prenda.



  • Natália Correia: Não Percas a Rosa



adoro a Natália Correia, com toda aquela força de carácter e de palavras que a caracterizava. Este livro é um grande "bolo" (cerca de 700 páginas) que reúne um diário que a própria escreveu na alvorada revolucionária de Abril de 1974, com fotografias e reproduções dos manuscritos originais. Preciso de ter isto.


  • Antologia Poética de Sophia de Mello Breyner




a minha beloved Sophia. Já há muito tempo que ando a namorar esta antologia e é curioso que, cada vez que peguei neste grande livro e o abri ao acaso, havia sempre um poema que soava em mim à laia de conselho.




e, uma pequena excepção aos livros, preciso de ver a segunda temporada da série Girls, para me rir um bom bocado, à semelhança do que aconteceu quando vi a primeira série. Muito bom.





e pronto, consumismos à parte, digamos que estas coisas iriam dar-me um belo contentamento .



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

este post não é para todos



vós que sois fãs e submissos a um belo bife do lombo, rodízios e picanhas, parem aí a leitura, porque este post não é para vocês.
não há carne nos meus repertórios alimentares quase desde o momento em que eu descobri que afinal, aquilo que eu tanto gostava chamado "arroz de cabidela", não era derivado das árvores ou da terra, mas que na verdade era sangue. Sangue da galinha com a qual eu teria andado a brincar na semana anterior, lá na quinta dos meus avós, o sítio de uma infância feliz.
não pude exterminar por completo a carne da minha ementa, porque na altura a minha mãe, dado eu ser ainda muito novinha, não achou muito correcto. Mas comia a contragosto.
com o tempo (e não demorou assim tanto tempo quanto isso), abandonei sem qualquer pena a carne, dos meus hábitos alimentares.
trata-se de uma opção de vida, que tal como todas as opções de vida que não ferem, nem prejudicam ninguém, é merecedora de ser respeitada (isto porque já me envolvi em acesas discussões com pessoal ávido de carne e que não respeita, pura e simplesmente, quem lhes mexe com os gostos/opções pessoais).
convivo muito bem com esta minha escolha, que simultaneamente se traduz num modo de vida, não porque é bem, nem porque é moda, mas porque é algo que sinto visceralmente.
e quando assim é, não há mais nada a dizer.

*na foto : um salteado de soja, grão de bico e alho francês, que por acaso estava bem bom.  

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

introspecção.




há quarenta anos, num 14 de Dezembro cinzento e chuvoso tal como o de hoje, casavam os meus pais.
hoje, só queria que o meu pai estivesse na condição de o poder recordar.
a vida não se traça somente mediante os desígnios que gostaríamos, mas também de acordo com premissas que nos tornam seres impotentes.

agora, este momento, é aquilo que eu sei que tenho.




domingo, 13 de dezembro de 2015

dos essenciais à vida



há pouca coisa que eu goste tanto de fazer, quanto estar rodeada de livros, folhas em branco prontas a serem escritas, palavras para serem manuseadas.
e é curioso como estes hábitos, que são paixões e paixões essas que se tornam sérios vícios, se vinculam à nossa personalidade desde tenra idade.
agradeço eternamente ao meu pai por me ter alimentado isto desde criança, dado que todas as semanas me satisfazia o desejo de me comprar um livro.
não precisava de mais nada e, o facto de ter crescido enquanto filha única talvez tenha contribuído bastante para esta espécie de casulo que sempre reservei, de mim para mim.
não se trata de uma atitude egoísta, porque estou sempre pronta a partilhar aquilo que tenho de bom, com quem quero fazê-lo. Mas admito que tenho uma saliente costela individualista, já que estes momentos que são só meus, fazem mais pela minha sanidade mental, do que outra coisa qualquer, por muito boa que essa outra coisa qualquer seja.
não gosto de me armar em conselheira, e quem sou eu para essa presunção, no entanto há circunstâncias em que me vejo quase obrigada a dizer a algumas pessoas queixosas com a vida, que deveriam de estar mais com elas próprias, porque é importante conhecermo-nos ao ponto de nos sabermos ouvir e isto não implica necessariamente negligenciarmos tudo o resto que temos e que também é importante.
são parêntesis essenciais.
e mesmo quando não posso escapar do espaço físico no qual me situo, se derem por mim absorta com um livro na mão, é porque nada ali me interessa, a não ser as palavras em que me encontro.
mais uma vez não é presunção: trata-se de posturas e de opções.
hoje encontrei um blogue de alguém cuja escrita é fenomenal, com a qual me identifico tremendamente. Fico mais do que satisfeita quando encontro alguém com a sensibilidade de transpôr em palavras, sentimentos que à partida julgamos indefiníveis e impossíveis de materializar verbalmente. E, simultaneamente, penso que também estas pessoas devem de ter os seus próprios casulos, portos de abrigo. Gostava de as conhecer e falar com elas sobre isso.
e a propósito das palavras escritas, posso dizer que na minha vida só me falta fazer uma coisa: plantar uma árvore (mas sei quem me pode ajudar com isso)... ah..! e não é presunção: é determinação e sonho antigo.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

e o resto são cantigas



há pouco cheguei a casa, sem me lembrar ao certo da viagem de regresso.
como se tivesse entrado no carro e a viagem desde o ponto de origem, até à chegada ao destino, mais não tivesse sido do que uma incursão numa cápsula do tempo, com todas as aleg(o)rias que isso implica.
podia ter corrido mal.
podia não ter sido capaz de contornar os veículos impacientes na 2ª circular, podia não ter dado pela existência dos espelhos retrovisores, ou poderia mesmo ter seguido sempre em frente e a esta hora já estaria na Almargem do Bispo.
é extraordinária a orientação que nos guia, mesmo em estados absortos.
há duas coisas fundamentais neste processo de alienação (pelo menos neste meu episódio específico):
o pensamento e o alinhamento exímio de canções ouvidas no rádio.
recuei anos atrás, revivi momentos, voltei a pasmar-me com determinadas casualidades, falei sozinha, cantarolei, esbocei sorrisos, e quando dei por mim já estava a estacionar à porta de casa.
ainda me deixei ficar por mais uns momentos com o rádio ligado, já que a música se exibia num alinhamento descarado aos meus ouvidos.
e aos meus sentidos.
e à minha memória.
e a tudo aquilo que já vivemos de bom e que isso, já ninguém nem nada nos tira.
é este tipo de flashback completamente inusitado, que me faz ver que se o mundo acabasse amanhã, já teria valido a pena a andança por cá.


e esta fez parte do repertório.


quarta-feira, 9 de dezembro de 2015

o sonho que comanda a vida



eu sei que antes das ditas resoluções de ano novo, ainda está o Natal, mas muito provavelmente o meu desejo de caderno em branco possa ser medido nas mesmas ânsias com que uma criança decresce os dias até ao desembrulhar das prendas.
a ansiedade não faz bem a ninguém, mas não é ansiedade a minha fraqueza.
nem fraqueza é tão pouco, porque quem é fraco não vai à luta.
e a minha luta é sinónimo de resiliência.
e esta última é a capacidade resoluta de superação e paciência.
o caderno em branco não será a cura para todos os males, nem trará o santo graal à vida, mas traz inevitavelmente a sensação limpa de que estamos sempre a tempo de recomeçar.

e de acreditar.
e conseguir.

 

domingo, 29 de novembro de 2015

good company




um destes dias em conversa com uma amiga, esta falava-me sobre a sensível questão que é sabermo-nos proteger, dizendo que afastava obrigatoriamente aquilo que lhe fazia mal.
mas a sensibilidade e ambiguidade da questão é de tal forma imensa, que por vezes as coisas não serão assim tão lineares.
porque há coisas e pessoas que fazem de tal forma parte das nossas vidas, seja por laços familiares, seja por necessidade material, seja por dependência emocional que, apesar de ser visível o grau de incómodo que nos trazem, cortar radicalmente com isto poderia tornar-se quiçá, ainda mais prejudicial.
não sei.
o que eu sei é que, a forma mais inteligente de nos sabermos proteger, não será obrigatoriamente o afastarmo-nos de tudo aquilo/quem nos prejudica, mas rodearmo-nos todos os dias daquilo que nos faz tremendamente bem.
pode ser ler um livro. pode ser escrever um livro. pode ser telefonar a alguém amigo. pode ser ir ver as montras. pode ser pôr a música alta e dançar no meio da sala, como se fôssemos rebeldes sem causa numa louca festa revivalista. pode ser ir passear o cão. pode ser dormir com os gatos em cima, de forma a não te poderes mexer. pode ser comer sushi. ou uma feijoada. pode ser acabar o dia no sofá a ver um grande filme e adormecer até babar. 
pode ser qualquer coisa, desde que te alimente o espírito.
e simultaneamente (last, but not the least), esta boa guarnição espiritual é grande auxiliadora das causas justas:
 dá-nos o arcaboiço necessário e indispensável para saber lidar com os "atropelos" dados por aquilo e quem não nos fará tão bem assim.
fácil não é,
mas é de pasmar o grau de dificuldade para o qual a determinação humana está formatada para conseguir superar.
e muitas vezes consegue-se, sabem...?

sábado, 14 de novembro de 2015

o cancro do mundo





era uma sexta-feira normal, ou provavelmente mais auspiciosa do que tantas outras.
era uma noite.
véspera de fim de semana. 
era sair. jantar fora. beber um copo. ir ao estádio ver o jogo.
ir a um concerto.
tanta coisa boa para fazer, porque afinal, era sexta-feira. 
era.
fim.












sábado, 7 de novembro de 2015

quantos de nós somos números primos




tenho uma inadvertida tendência para histórias que falam de assimetrias, desencontros, desamores, finais pouco esperados, socos no estômago, etc. etc.
confesso que um livro ou filme que encerra com um "e foram todos felizes para sempre", não se perpetua na minha memória por mais de três minutos, o que também não significa que eu disponho de uma veia sádica que me domina ao ponto de querer ver toda a gente infeliz.
nada disso.
trata-se apenas de um gosto pessoal, um tanto atípico talvez, mas a questão é que este tipo de enredos menos felizes, sejam eles puramente ficcionais ou baseados em factos verídicos, podem-me marcar para o resto da vida.
por isso é que quando me falam em grandes filmes, só me vem à cabeça algo que entrou e nunca mais saiu, tal como o 21 Gramas (Sean Penn), Monstro (Charlize Theron), Laranja Mecânica, A Vida é Bela, são apenas alguns exemplos.
e relativamente a livros o cenário não é diferente.
este ano li "A Solidão dos Números Primos"e apesar de não se tratar de uma obra prima a nível literário, não lhe vou esquecer o conteúdo, com toda a certeza.
citando a sinopse do livro, um número primo é inerentemente solitário, só pode ser dividido por si próprio ou por um, nunca se adaptando aos outros números. Não é de aritmética que a história trata, mas das vidas singulares de duas pessoas, que a dada altura se interceptam e acabam por reconhecer muito de si, no outro.
e no entanto, aquilo que poderia ser tão fácil e linear aos olhos das outras pessoas ditas normais, é absolutamente complexo para estas duas, igualmente ímpares.
é que por vezes lemos e vemos coisas que não cumprem apenas a função lúdica de nos entreter, mas que subtilmente nos fazem pensar e compreender outras histórias que acontecem no filme do nosso dia a dia.
e quando assim acontece, é não pensar em demasia no final, seja ele feliz ou não.  


hoje vi o filme, mas escusado será dizer que o livro é bem melhor.


sexta-feira, 6 de novembro de 2015

tenho pena

este Portugal é lindo, mas quem o vai "dominando" fá-lo mediante desígnios suspeitos, injustos e dúbios para os outros que vão "sendo dominados".
e cada dia é uma nova. Por exemplo, e trazendo à tona uma recente, temos a 'bora lá ser meiguinho para o Ricardo Salgado, tadinho, vamos perdoar-lhe milhões e atenuar-lhe a pena, já que o que ele apenas fez, foi tirar o trabalho de uma vida em poupanças, a muitos que deixaram de perceber o sentido de viver com dignidade.
Infelizmente, o bombardeio deste tipo notícias desafiadoras à manutenção de uma conduta cívica e moral, já é uma constante demorada no nosso panorama nacional.
tenho pena. Muita pena, enquanto cidadã com brio no seu país.
e o pior é que, equacionando a hipótese deste tipo de cenários sempre ter existido (talvez em número mais reduzido), mas que muito provavelmente se desenrolava de forma súbtil, qual aragem ténue , agora é tudo feito em cima da ribalta escancarada dos media, com direito a holofotes, altifalantes e amplificadores de som topo de gama.
Ora, este aparato é bom para o povo estar a par de tudo, mas é muito mau para o povo se sentir ainda mais injustiçado.

tenho pena.

pena que nos mostrem a nós, zé povinho, que se não fossemos , nem povinho, talvez nos safássemos.
acredito que haja e tenha havido muito boa gente com merecido crédito e valor reconhecido, a palmilhar o desassossego da luta pela vida, através do seu próprio trabalho, engenho e mérito.
mas caramba, não é preciso arrasar a boa vontade, o empenho, a inteligência e a capacidade de quem luta luta luta e tem a pouca sorte de o não conseguir assim, única e exclusivamente através da sua luta, do seu trabalho.
e assim é fácil atingir uma coisa chamada desespero
Acho que o Ricardo Salgado não saberá o que é isso.
que se lixe o ser-se honesto e pródigo em civismo. 
tenho uma filha, a quem tenho vindo a incutir de uma forma tão leve quanto uma criança merece, o espírito de integridade, para que se sirva disso como algo natural e espontâneo da sua pessoa, pela vida fora, porque é bom para ela e assim o será para os outros.

E depois o palco diário da vida é outro, descaracterizado.

tenho pena.



segunda-feira, 2 de novembro de 2015

separação do trigo e do joio com aniversário à mistura

a última semana foi aquela que albergou o penúltimo dia de Outubro, vulgo, o dia do meu aniversário.
como já é tradição, na véspera mantive a celebração feminina da praxe e de facto, posso dizer que para além da tradição ainda ser o que era, está ainda melhor.
não sei se é da idade estar mais apurada, das prioridades que se (re)definem, do sentido de humor mais rebuscado, da serenidade que se instala imperativamente, ou...provavelmente será por tudo isto ao mesmo tempo e outros ingredientes mais.
seja como for, o factor principal está lá sempre, que é um mais do que razoável nível de confiança, respeito e amizade.
este ano corrente tem sido difícil, mas simultaneamente tem sido pródigo em mostrar-me aquilo e quem realmente interessa na minha vida, porque as amizades não se medem pelos cálices de vinho que temos na mão, nem pelas conversas anedóticas que se contam entre garfadas partilhadas à mesa. Também os tive, desses tais amigos que só o eram pelo bom da coisa. Não estou interessada em tê-los mais. Tal como não estou interessada em ser bombardeada pelo que me faz mal. Pelo que me faz pesar culpas que não são minhas. Pelo que me faz descer, em vez de subir.
e não sei se será particularmente por ter acabado de fazer uma idade com um 9 , que é o meu número companheiro de vida, mas o que é certo é que cheguei definitivamente a um momento de ponderações que implicam ascensão, e não declínio.
uma dessas resoluções trata-se do sábio manuseamento do não. Sempre tive sérias dificuldades em dizê-lo, agi muitas vezes em prol de um sim que me prejudicava, só para não ferir susceptibilidades.
mas o problema é que as susceptibilidades ferem-se na mesma. E a maior ferida é a de quem quebra e diz sim, quando deveria dizer não.
o maior problema da vida é mergulhar de cabeça e começares a ver que a água que cobre o fundo não será suficiente para te amparar a queda. Nesses milésimos de segundo que te restam até bateres lá em baixo e veres o fim, só tens três alternativas:

*fechas os olhos e deixas-te ir
*visualizas em flashes a tua memory lane 
*convertes o teu corpo numa série de acrobacias comandadas pelo teu engenho e cabeça, de forma a escapares-te daquele fim iminente

e eu quero fazer da terceira hipótese, sempre a única opção.
portanto, esta conversa toda vem a propósito das amizades, que foram por si só, um ponto alto do meu último ano.
reunir pessoas à mesa, sem que haja um rastilho concreto de amizade que as una, pouco significado tem para mim.
e posso dizer que no meu mergulho de cabeça, estas pessoas que se sentaram à minha mesa de aniversário, têm sido autênticas acrobacias de salvação da minha pessoa. É que às vezes também precisamos dos outros, para conseguirmos chegar até nós.

um grande brinde à amizade e a tudo aquilo que verdadeiramente faz sentido...! 


quinta-feira, 22 de outubro de 2015

sado-masoquismo

por vezes, mais não somos do que um disco riscado, forçando a todo o custo o deslizar inflexível de uma agulha que teima em distorcer a sonoridade.

por vezes a vida reveste-se da secura de um som que não queremos ouvir
e os nossos dedos assumem a fisionomia disléxica, diante um piano, no qual insistem em tocar na mesma tecla.

over and over again.

não estamos para melodias chorosas, nem compassos transgressores aos hinos triunfantes.

estamos , para fazermos a música que queremos ouvir.
para dançarmos ao som daquilo que nos exalta a vida, saída do recôndito das entranhas
para fazer dos risos diários do que nos faz bem, e de quem nos quer bem, a essência primária do ritmo que nos faz viver.

nem que a tua música mais não seja, do que a paz das coisas quietas.

do que a paz.


 

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Chamem-lhe azedume feminista

Muito provavelmente habita uma acérrima feminista dentro de mim.
E não é coisa só de agora.
Li a crónica da Clara Ferreira Alves, no Expresso desta semana e de facto, não houve uma vírgula da qual tivesse discordado.
Porque há coisas que dão muito que pensar e há coisas que são teoria, balelas atiradas ao vento, porque quando vem a questão prática, o caso muda de figura.
Nesse texto, pode-se ler tantas coisas verificadas na prática realística do quotidiano, tais como o facto da "... mulher ser raramente levada a sério, é mais escrutinada, discriminada, combatida, facilmente eliminada (...) uma mulher pode ser feia, velha, maluca, enquanto que um homem pode ser interessante, maduro, inteligente.
Um canalha torna-se um tipo complicado.
Numa lista de prestígio de 100 pessoas, 90 são homens e o resto é quota.
(...)sou contra as quotas e a favor do mérito. As mulheres precisam de autoconfiança e tempo livre, precisam de uma vida intelectual, que a maternidade, a dependência financeira e a vida doméstica não autorizam.
As mulheres têm instintivamente medo da ascensão porque sabem que implica um cortejo de insultos e ofensas físicas e morais, propagadas por mulheres que odeiam as mulheres e por homens que não respeitam as mulheres.  (...) em compensação, semana sim, semana não, uma mulher é assassinada em Portugal. Nessas notícias não falta o elemento feminino."   
Observo demasiado o que se passa à minha volta, por vezes sem ser necessário o mínimo esforço de compreensão ou fina astúcia. Trata-se de situações, umas mais banais do que outras, que instantaneamente revelam o lado negro da fragilidade.
E em muitos casos não se tratará necessariamente do aspecto frágil de um carácter feminino que se subjuga e resiste a uma intempérie agressiva de situações, mas sim de uma sensibilidade extrema, de um sentimento de vergonha tal, que conseguem converter essas rudes ocorrências, em poeiras atiradas para debaixo do tapete. Resta saber por quanto tempo.
Essa opressão, esse trato, essa desconsideração são eles sim, o lixo emergente de uma vida naufragada.

E respeito.
Respeito precisa-se.





                              
     
     
 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

a supremacia do dom

às vezes ouço pessoas a dizerem-me que tenho dom para isto ou aquilo.
fico contente, claro, agradeço, mas questiono-me de mim para mim, sobre toda a complexidade que o substantivo abarca. Que não se confunda com o "ter-se jeito para", porque a meu ver, ter-se jeito é uma coisa e ter um dom será outra : o que as distingue é a grandiosidade dos efeitos que provocam.

quando o resultado daquilo que é feito, me transmite essa exímia sensação de grandiosidade, aí eu admito que estou perante alguém que tem um dom.
isto tudo para dizer que: há uns tempos atrás, encontrei a estrutura de uma cadeira no lixo. Bastante maltratada, mas ainda assim deixava antever o quão bonita foi, numa juventude em que ainda era cadeira útil e atraente.
tenho jeito para conseguir ver, além daquilo que os meus olhos me transmitem.
e ainda bem.
tal como ainda bem que existem pessoas que conseguem dar excelentes segundas oportunidades de vida, àquilo que outros não souberam dar o merecido valor.
não tenho fotografias do antes, mas acreditem que era muito mau.
agora o que me interessa é aproveitar o depois. E o depois, lá está, transmite-me a tal grandiosidade que só os dons conseguem transmitir.






 o dom de transformar o lixo de uns, nos tesouros de outros.
Por isso, deixo aqui a dica, pessoas de Lisboa, arredores ( e não só), se querem ver mobiliário antigo a ganhar uma nova vida, é este o sítio, as mãos, a delicadeza e, lá está, o dom. 




      

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

o outono do meu contentamento


neste momento a casa desnuda-se em silêncios e o tempo é outro, imperativamente.
o outono está para mim, aquilo que o verão é para tantos outros.
porque eu sou isto: a serenidade das folhas que caem no chão, a aragem suave que nos toca o rosto ao de leve, como se num trejeito discreto dissesse "estou aqui".
há uma melancolia indelével em todos os outonos de uma vida.
há inevitavelmente um regresso aos doces momentos de infância, lugares inapagáveis de tempos perdidos no tempo.
queria pernoitar durante horas a fio, por estes outonos da memória, sem a ânsia de querer tornar à realidade.

neste momento a casa desnuda-se em silêncios, e há algo cá dentro que se reveste de mantos auspiciosos de dias vindouros.

oxalá não me engane.  
 

sábado, 29 de agosto de 2015

da felicidade.

a felicidade.
tive uma amiga nos tempos de liceu que era fiel detentora deste nome. A Felicidade era ela, e não mais conheci alguém chamado assim. A memória atraiçoa-me a lembrança se de facto a Felicidade seria ou não feliz, mas tanto quanto me lembro, fomos felizes as duas, em memórias de crianças a um passo da adolescência.
hoje em dia, a felicidade não tem um rosto específico, mas estampa-se em rostos diferentes, personificados ao gosto do freguês que está predisposto a envergar a indumentária genuína de quem é de facto feliz.
e a felicidade para mim, poderá não ser o conceito lógico e básico que a felicidade representa para ti.

que se lixe.

vejo muito rostos, todos os dias, hipocritamente disfarçados de felicidade utópica, mascarados de uma fantasia alusiva ao que tem de ser .
concluo aos trinta e oito anos de vida, que a graça de um estado pleno, poderá ser um desequilíbrio desregrado aos olhos de terceiros; concluo que aquilo que eu considero equilíbrio, poderá traduzir-se em desequilíbrio que roça uma boa dose de loucura
não há almas imaculadas, nem vidas perfeitas.

deixemos o toque imaculado, para a divindade que não nos é tangível.
sábado. vinte e nove de Agosto. 16h13.
estamos bem. lá fora o sol impõe as suas graças em passos gigantes de verão. e que chovesse.
sou feliz na mesma, submersa naquela felicidade ambígua aos olhos do mundo.
daqui a dias a miúda mais gira faz 4 anos felizes e isso é tão, mas tão importante.

está tudo bem, mesmo no meio da enxurrada de cenários pouco comuns.
e seria bom que se guardasse de uma maneira geral, o estado legítimo que a felicidade em pleno deverá envergar, pouco importando as bocas do mundo.

   

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

hoje apeteceu-me matar alguém

hoje poderia vir aqui falar de banalidades fúteis, mas que me deixam alegre, tais como as modas que pairam nas montras e que vêm ao encontro da minha satisfação pessoal. Paralelamente a isso, postava a foto do chapéu e do casaco pelos quais me apaixonei ontem e ficava aqui um texto levezinho, aromatizado com as canduras quotidianas.
não será o caso. Há coisas que tenho dificuldade em digerir e quando assim é, tenho de exorcizá-las de alguma forma. Posto isto, escrevo, que creio ser a minha forma mais imediata para expurgar algo.

cena 1: restaurante.
entra um casal, cinquenta anos mal medidos. Não são para aqui chamados cor ou religião. Ele à frente dela, ela atrás dele. Ele diz-lhe onde ela se senta. Ela acata, submissa. A voz dele fazia-se ouvir sem rodeios. A dela, quando enfim se pronunciava, saía em múrmurios vestidos a medo. Chega o prato que ele pediu: rejeita-o, imputando uma série de defeitos de baixo calibre à ementa, ao restaurante e afins. Vislumbro em mim uma sentida compaixão pelo empregado, porque já se sabe, isto de lidar com o público tem muito que se lhe diga, pois tem. Enquanto isto, a mulher acata com murmúrios de lã, lá está, proferidos a medo, que sim, claro, o seu excelso cavaleiro tem toda a digníssima razão. 
O empregado vai embora com a travessa de comida. 

cena 2: casa alheia
passo numa rua, próximo das janelas entreabertas de uma casa qualquer. Lá dentro há uma criança que chora. O choro é esmagado pelos gritos absurdamente altos de um homem, sei lá eu se era o pai.
Ouço baterem na criança, cujo choro se intensifica. Surge uma voz feminina, que se interpõe ao comportamento dele em relação à criança. Ouço de novo uma bofetada. Desta vez já não sei quem foi que levou com ela. Parei a ouvir isto, com o coração a bater-me na garganta, com uma vontade tremenda de entrar pela casa dentro e levar aquela criança dali para fora, dar-lhe colo e compreensão e perguntar a ela, à mulher cuja voz ouvi, quando se decidiria ela a começar a viver, porque aqueles escassos minutos soaram-me a tudo, menos a vida.

E já que estava eu própria pejada de fome de justiça, aproveitava ainda o momento e voltava ao restaurante, porque de certeza que ainda iria a tempo de apanhar o outro tipo e forçava-o a engolir a comida que tinha pedido e que voltou para trás, ao mesmo tempo que ele assinava uma penitência de bom trato, face à mulher que o acompanhava e face, já agora, a todas as vidas que tinham o infortúnio de se cruzarem com a vida dele.

não sei como é possível sobreviver a uma existência domesticada segundo parâmetros alheios e pior, esgotar uma vida inteira nisto.
não sei. é atroz. é desumano.
e talvez um dia me dedique seriamente a este tipo de causas, porque acredito que não haja nada pior do que respirar sem viver. 



quarta-feira, 12 de agosto de 2015

não se muda o imutável

disseram-me noutro dia após escassos minutos de conversa, algo muito directo e assertivo

"para ti, está-se mesmo a ver que isto é mais do que simplesmente nascer, crescer e morrer."

pois é.
e só eu consigo ter noção da amplitude positiva e negativa desta minha forma de ser, porque tem tanto de claro, como de obscuro; tem tanto de simples, quanto o tem de complexo; tem tanto de bom, quanto o tem de mau.
mas a parte boa no meio de tudo, é a intensidade desmedida do viver que se funde na corrente sanguínea e te deixa o peso abismal da consciência que não te pesa. porque acabas sempre por perceber que era assim o mais certo, mesmo quando as linhas que escreves parecem não te conduzir a lugar algum, mesmo quando o que não queres tem que se fazer prevalecer face ao que na realidade querias.

se há um propósito nisto...?
será muito provavelmente o maior cliché que existe na história da Humanidade: ser feliz.



sábado, 1 de agosto de 2015

Ela



vai contra a minha índole, política e convicções, mostrar o rosto da minha filha aqui, neste mundo desenfreado da internet, com tudo aquilo que tem de bom, mas também de mau. Cabe-me protegê-la de olhos, interpretações e intenções alheias, de pessoas cuja índole, política e convicções são bastante duvidosas.
não tenho o gesto presunçoso de achar que aquilo que eu gosto, que eu tenho, que eu faço e que eu opino é a verdade suprema do universo, nem a última Coca Cola no deserto, mas no que respeita a este assunto, creio que seria tão melhor os outros pais deste mundo pensarem assim, em relação aos filhos menores que têm, já que estes estão desarmados em termos de defesas pessoais e apenas contam com a supervisão paterna, vulgo pessoas adultas e atentas aos tempos que correm.
a internet é um boom recente, tudo é invariavelmente mais exposto, mais divulgado, mais banalizado.
mas o facto é que tudo aquilo que no presente é trazido à tona, sempre existiu, noutros tempos diferentes dos tempos cibernéticos de agora.
felizmente, e já é característica intrínseca à minha pessoa, sempre fui alguém muito atento, em relação a mim e aos outros. Talvez por isso, no alto dos meus sete anos, não completei mais do que duas semanas das aulas de piano, porque havia algo na simpatia daquele professor que não me agradava. Pode ter sido exagero, sugestão ou simples antipatia minha, mas o facto é que não me agradou e ponto final. Acabou-se o piano. Os meus pais tiveram sempre de aceitar o facto de que desde tenra idade, eu soube sempre aquilo que quis, o que não quis e o momento em que decididamente tinha de parar algo que não me estaria a fazer bem.
ainda hoje sou assim e se mudar, será provavelmente numa outra vida, só.
faz-me uma tremenda confusão à membrana nevrálgica pais que, para além de postarem fotografias dos filhos na internet, de forma bastante exposta, estejam sedentos por revelarem de forma igualmente explícita, a agenda e os passos diários dos filhos.
por favor, não façam isso.
hoje alguém perguntou-me se eu já tinha pensado em agenciar a minha filha para catálogos e publicidade, porque tinha uma beleza de sonho, segundo as suas palavras.
não me roguei de humildade pouco sentida, porque à parte de ser eu a mãe e isso fazer de mim alguém tremendamente suspeito, tenho a perfeita noção do que vejo quando olho para a minha filha.
mas respondi apenas que um dia, quando ela tiver as suas próprias defesas e se assim for o seu desejo, de forma absolutamente deliberada, fará aquilo que entender.
não se trata de castrar a infância, mas sim saber viver os dias no mundo, tal qual como o mundo é.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

depois


Sempre tive a tendência vertiginosa, mas arrebatadora, das entregas por inteiro.
Porque é por inteiro que tudo se deve querer na vida, já que os meios-termos podem deixar muito a desejar.
Obviamente que aliada à sensação libertadora de "tudo poder", vem sempre implícito o risco:
do erro, da queda, do fracasso. Mas isto é sempre atirado para longe, para o limiar das utopias sem nenhuma razão de ser.
Porque a vida é entrega e entrega é paixão.
Nunca se deverá pensar no pior, porque o pior, claro está, para além de ser absolutamente utópico e desfasado de uma realidade apaixonante, estará sempre catalogado para depois.
O depois é um lugar distante, soturno como os dias cinzentos do desalento e o universo não é mais do que um carnaval de instantes, que marcham vertiginosamente até à centelha abrupta dos momentos que estão por vir e que depois se cravam em nós sob a forma de mágoas penosas.
Lembro-me que na adolescência, essa dita idade do armário, a salvação de um mundo feito de instantes, estava na música, sendo ela o remédio para quase todos os males. O pior vinha sempre depois, quando a música acabava, o corpo parava, o pensamento acordava e a alma ruía.
O depois foi aquilo que alguém inventou para estragar os amores-perfeitos dos momentos agarrados sublimemente à vida.
E ela está cheia de amores mais-que-perfeitos.

Porque a vida é entrega e entrega é paixão e tudo isto se quer

por inteiro.


 

quinta-feira, 4 de junho de 2015

o difícil não é desistir mas sim persistir

Há precisamente um mês, escrevi aqui pela última vez, com pensamentos e votos de bom augúrio.
Posso dizer que, volvidos trinta dias ( e a precisão da data, é mera coincidência), esse bom augúrio mantém-se e renova-se, a cada dia.
Este mês de Maio pelo qual, não sei porquê, tenho uma estima especial, revelou-se o primeiro mês deste ano de 2015 em que nada de mau aconteceu, funcionando como uma espécie de catarse face à putrefacção de factos e sentimentos ocorridos até então.
Este mês foi, na realidade, mais do que bom. Tão bom, que seria impensável e improvável que algo acontecesse de pior e quebrasse esta espécie de hipnose positiva, na soma destes dias.
Andámos por sítios de beleza esmagadora e dotados de um silêncio purificante e abismal;
rimos para lá da conta;
deu-se real valor à vida que temos em mãos, não descurando aquela que vislumbramos ao longe;

e, concretizei um sonho.

Um sonho antigo, cuja realização me encheu o peito de um orgulho muito difícil de traduzir através de palavras.
Só quem viu os meus olhos nesse momento e  me conhece até ao âmago, sabe o quanto a felicidade se fundiu em mim.
E sem pretensiosismos, merecia-o.
Creio que a partir do momento em que se ultrapassa aquela barreira de sonho realizado,a nossa própria visão, em sentido lato, se apura ainda mais, ao ponto de se poder relativizar e organizar tudo, pessoas, coisas, objectos, nos seus respectivos sítios, com o valor que lhes é devido, com uma sanidade limpa, sem reticências.
E agora, é continuar por aí, a desbravar os dias, sem medo e a alimentar o sonho nosso de cada dia.