terça-feira, 26 de janeiro de 2016
se se funde na pele, é porque vale a pena
não sou apologista de coisas irreversíveis se não valerem de facto a pena, se bem que hoje em dia, das coisas irreversíveis já são poucas as que rezam história.
sou apaixonadamente firme nas decisões que tomo na vida, mesma naquelas que por vezes me dão conta da sua vulnerabilidade.
sou de palavras, das escritas em particular.
sou de fé, sou de alento.
sou de sonhos e de desejo.
um dia saio à rua e faço uma tatuagem: ontem foi o dia.
doeu, mas valeu a pena.
mas vendo bem as coisas, tudo o que vale a pena tem a sua quota parte de dor.
dum spiro, spero = >> as long as I breathe, I hope.
e se me fica impregnado na pele, é porque já valeu a pena.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
blue monday
já andavam a apregoar que hoje seria o dia mais triste do ano, a blue monday.
eles disseram que sim, os senhores que, insuflados pela teoria da tanga, vêm impôr no calendário a tese de que a alegria e a tristeza também obedecem a datas e parâmetros convencionais.
pois bem meus senhores , pródigos a institucionalizar até as folhas que voam com o vento, tenho-vos a dizer que as convenções não são nada a minha cena, ok...?
aliás, tenho para mim que a institucionalização e as convenções às vezes só vêm estragar o que só por si já era bonito, de tão singelo e anti-constitucionalizado que era.
se calhar sou anárquica.
pois bem, tenho a dizer que a blue monday foi uma excelente segunda-feira para mim, regada a belos prazeres, sendo um deles o cinema.
"A Rapariga Dinamarquesa" estava na minha forja de desejos cinematográficos há já uns meses, quando vi pela primeira vez o trailer. Interpretação fenomenal de Eddie Redmayne, que tanto nos mostra ser capaz de incorporar a doença de Stephen Hawking, em "The Theory of Everything", como revela ser perfeito para desempenhar a ansiedade e a angústia de uma alma a viver num corpo errado, neste "The Danish Girl". E em ambos, são histórias esmagadoramente verídicas.
Sublime.
ah. e também tive direito a sushi. só coisas tristes, portanto.
querem um conselho..? é não dar ouvidos às teorias de tudo e para tudo e, fazer dos vossos dias a singularidade que eles merecem.
Convenções à parte, claro. :)
eles disseram que sim, os senhores que, insuflados pela teoria da tanga, vêm impôr no calendário a tese de que a alegria e a tristeza também obedecem a datas e parâmetros convencionais.
pois bem meus senhores , pródigos a institucionalizar até as folhas que voam com o vento, tenho-vos a dizer que as convenções não são nada a minha cena, ok...?
aliás, tenho para mim que a institucionalização e as convenções às vezes só vêm estragar o que só por si já era bonito, de tão singelo e anti-constitucionalizado que era.
se calhar sou anárquica.
pois bem, tenho a dizer que a blue monday foi uma excelente segunda-feira para mim, regada a belos prazeres, sendo um deles o cinema.
"A Rapariga Dinamarquesa" estava na minha forja de desejos cinematográficos há já uns meses, quando vi pela primeira vez o trailer. Interpretação fenomenal de Eddie Redmayne, que tanto nos mostra ser capaz de incorporar a doença de Stephen Hawking, em "The Theory of Everything", como revela ser perfeito para desempenhar a ansiedade e a angústia de uma alma a viver num corpo errado, neste "The Danish Girl". E em ambos, são histórias esmagadoramente verídicas.
Sublime.
ah. e também tive direito a sushi. só coisas tristes, portanto.
querem um conselho..? é não dar ouvidos às teorias de tudo e para tudo e, fazer dos vossos dias a singularidade que eles merecem.
Convenções à parte, claro. :)
sexta-feira, 15 de janeiro de 2016
people are strange (parte dois)
eu até percebo quem não goste do azul, eu até compreendo quem não goste de viajar, tal como respeito quem diz não gostar de chocolate.
respeito, mas não percebo quem diz não gostar de ler.
respeito quem não adira ao prazer de uma tarde de chuva passada no aconchego de uma manta.
mas jamais compreenderei quem diz não gostar de música.
não percebo.
porque toda a gente gosta de música, certo...? as preferências musicais é que variam, não é assim...?
mas eu há dias li alguém dizendo que não gostava de música e eu fiquei absorta neste pensamento, tão absorta quanto a minha incapacidade em compreende-lo ou sentir-lhe indiferença.
é tipo como tentar imaginar o que existe depois da morte, ou o que há para além do cosmos.
é o vácuo, a impossibilidade, a indagação sem resposta possível, é a indignação.
eu acho que alguém que vive sem se fazer acompanhar por uma banda sonora, seja ela qual for, é tão absorto e desprovido de cor, tal como a sua própria falta de gosto por música.
sorry, mas este espaço é meu e eu digo o que penso.
e ultimamente tenho apanhado overdoses de música : Smashing Pumpkins, Audioslave, Pearl Jam, Peter Murphy, David Bowie, Radiohead, Jacques Brel and so on.
segunda-feira, 11 de janeiro de 2016
há os que cantam e depois há os outros
dei cabo de um leitor de vhs, só por causa das tantas vezes que rebobinei o Absolute Beginners.
a Dancing in the Street, dava-me cabo da quietude do corpo.
a Under Preassure sempre me pareceu ser das sintonias mais perfeitas (Mercury / Bowie), alguma vez realizadas.
o Heroes leva-me às lágrimas, remetendo-me sempre para a Zoo Station, de Christiane F.
isto para dizer que já houve muitos a cantarem, mas são tremendamente poucos os que revolucionam a História.
sábado, 9 de janeiro de 2016
da violência
as palavras não servem só para dizer coisas bonitas e adjectivos floreados à vida.
because shit happens.
nos últimos dias tenho notado que as notícias dão conta de um chorrilho contínuo de vítimas de violência doméstica. A certa altura dei por mim a questionar-me quantas vezes é que a comunicação social estaria a falar da mulher que havia sido decapitada, mas afinal não era a mesma mulher.
já era outra.
e no dia a seguir mais outra.
e para além do óbvio que choca e que fala por si, revolta-me o facto de vir ao de cima que a vítima fez queixa mais do que uma vez na polícia.
isto inevitavelmente remete-me para, por exemplo, quando há uns bons anos atrás eu tive um fulano em pleno comboio da linha de Sintra, a ser descaradamente um estupor perante a minha pessoa, isto perante uma plateia, não cheia, mas considerável de outros passageiros que ali estavam e ficaram, a fazerem de conta que não viam nem ouviam, à laia do não é nada connosco, é deixar andar.
felizmente tive a astúcia necessária para que o episódio não me marcasse mais do que esta amarga lembrança.
mas isto para dizer que vivemos numa sociedade que prefere ignorar aquilo que sabe que está a acontecer e que é grave, ao invés de agir de acordo com a sua consciência, ímpeto moral e poderes concedidos.
parece-me que as queixas destas mulheres estarão a ser pouco valorizadas, negligenciadas, caso contrário o desfecho fatídico seria evitado...ou estou errada?
há dias encontrava-me dentro de um prédio, onde proliferavam os berros guturais de um homem.
aquilo não era discussão, era um processo de destilação de ódio. A dada altura ouvi uma ténue voz feminina, a quem aparentemente não era dada permissão para falar mais alto.
era um casal e havia uma criança.
não me venham falar que para uma relação evoluir de forma saudável, é preciso discutir, tal como li algures recentemente.
o que é preciso é conversar, com mais ou menos exaltação, mas é conversar, é argumentar pontos de vista, opiniões, atitudes, é fazer sentir ao outro que consigo estará protegido e não, ameaçado.
o medo de viver corrói a própria vida, e a pessoa em vez de existir, vai sobrevivendo.
a violência doméstica é um cancro da sociedade e muitas vezes as vítimas sobrevivem, incógnitas, através de gritos mudos.
e as pessoas têm de uma vez por todas de parar de pensar que o que é mau só acontece aos outros.
sexta-feira, 8 de janeiro de 2016
as inexplicáveis melancolias
não gosto de Janeiro. Não sei explicar porquê, mas eu e esta altura do ano nunca fomos amigos inseparáveis.
há um misto lúgubre de cinzento e tristeza nestes primeiros dias, como se o êxtase das festas ainda em fase de rescaldo caísse lá em baixo tal bola de chumbo, como se tudo aquilo que há de menos bom a acontecer durante um ano inteiro, acontecesse precisamente em Janeiro.
na verdade, só começo a gostar do ano a partir de Março, quando parece haver uma mão cheia de sementes auspiciosas no ar.
e isto é um sentimento estranho, que me incomoda, principalmente porque se já tive muita coisa desagradável a acontecer em Janeiro, também me lembro de coisas boas e positivas a acontecerem-me noutros Janeiros.
sei lá, são desabafos e os desabafos são como as opiniões:
valem aquilo que valem.
entretanto apaixonei-me por isto
whatever.
são melancolias típicas dos recomeços.
há um misto lúgubre de cinzento e tristeza nestes primeiros dias, como se o êxtase das festas ainda em fase de rescaldo caísse lá em baixo tal bola de chumbo, como se tudo aquilo que há de menos bom a acontecer durante um ano inteiro, acontecesse precisamente em Janeiro.
na verdade, só começo a gostar do ano a partir de Março, quando parece haver uma mão cheia de sementes auspiciosas no ar.
e isto é um sentimento estranho, que me incomoda, principalmente porque se já tive muita coisa desagradável a acontecer em Janeiro, também me lembro de coisas boas e positivas a acontecerem-me noutros Janeiros.
sei lá, são desabafos e os desabafos são como as opiniões:
valem aquilo que valem.
entretanto apaixonei-me por isto
whatever.
são melancolias típicas dos recomeços.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2016
mais poesia por favor
não há melhor forma de recomeço, do que fazer algo que se gosta, estar com quem mais se gosta, rodeada pelo que mais gosto.
não há melhor forma de recomeço, do que acordar com a chuva e o vento na janela, a lembrarem que apesar de tudo é inverno e que a primavera dos dias somos nós que a trazemos até nós.
bebi com a moderação que me satisfez, mas começo o ano a embriagar-me nas palavras que me sustêm a alegoria dos momentos.
quero-as tanto.
muito.
e ouvi dizer que quando se quer assim tanto, as coisas acontecem por bem.
hoje é o primeiro dos dias e, tal como todos os recomeços sinceros, só quero que venha por bem.
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