um dia vou acordar sem o despertador tocar.
a cadência do meu corpo obedecerá o curso natural dos dias, mas a um ritmo morno e aceitável.
na minha cabeça não se atropelarão ideias, que subsistem apenas pela esperança vã de um dia serem realizadas.
não precisarei de contabilizar ou justificar a passagem do tempo.
não quererei saber de relógios e da sua imposta ditadura.
o calendário assumirá uma forma mais branda de existir e as amarras do tempo vão ser atiradas para longe.
um dia envolver-me-ei de silêncio, papel, palavras e risos,
de verde, de água, de azul, de árvores e de flores.
nada terá o toque ríspido da autoridade ou da inclemência da obrigação.
não se encontrarão vestígios altivos, pretensiosos, nos meus recantos.
vou sentir em mim o riso dos dias felizes, não durante um momento, ou dois.
mas pela vida fora.
e porque as fotografias que se seguem têm tudo a ver com as palavras que acabei de escrever.
fotografias daqui