quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Chamem-lhe azedume feminista

Muito provavelmente habita uma acérrima feminista dentro de mim.
E não é coisa só de agora.
Li a crónica da Clara Ferreira Alves, no Expresso desta semana e de facto, não houve uma vírgula da qual tivesse discordado.
Porque há coisas que dão muito que pensar e há coisas que são teoria, balelas atiradas ao vento, porque quando vem a questão prática, o caso muda de figura.
Nesse texto, pode-se ler tantas coisas verificadas na prática realística do quotidiano, tais como o facto da "... mulher ser raramente levada a sério, é mais escrutinada, discriminada, combatida, facilmente eliminada (...) uma mulher pode ser feia, velha, maluca, enquanto que um homem pode ser interessante, maduro, inteligente.
Um canalha torna-se um tipo complicado.
Numa lista de prestígio de 100 pessoas, 90 são homens e o resto é quota.
(...)sou contra as quotas e a favor do mérito. As mulheres precisam de autoconfiança e tempo livre, precisam de uma vida intelectual, que a maternidade, a dependência financeira e a vida doméstica não autorizam.
As mulheres têm instintivamente medo da ascensão porque sabem que implica um cortejo de insultos e ofensas físicas e morais, propagadas por mulheres que odeiam as mulheres e por homens que não respeitam as mulheres.  (...) em compensação, semana sim, semana não, uma mulher é assassinada em Portugal. Nessas notícias não falta o elemento feminino."   
Observo demasiado o que se passa à minha volta, por vezes sem ser necessário o mínimo esforço de compreensão ou fina astúcia. Trata-se de situações, umas mais banais do que outras, que instantaneamente revelam o lado negro da fragilidade.
E em muitos casos não se tratará necessariamente do aspecto frágil de um carácter feminino que se subjuga e resiste a uma intempérie agressiva de situações, mas sim de uma sensibilidade extrema, de um sentimento de vergonha tal, que conseguem converter essas rudes ocorrências, em poeiras atiradas para debaixo do tapete. Resta saber por quanto tempo.
Essa opressão, esse trato, essa desconsideração são eles sim, o lixo emergente de uma vida naufragada.

E respeito.
Respeito precisa-se.





                              
     
     
 

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