Surreal a forma sob a qual, por vezes a vida se escreve em estranhos desígnios, desafiando as próprias leis da existência. Escreve-se segundo coordenadas macabras e com vocabulário que nem sequer foi inventado. Porque os inventores das palavras não conseguiram qualificar,adjectivar,nomear quem perde um filho. Há um nome para quem fica sem pais: órfão. Há um nome para quem fica sem o seu cônjuge: viúvo.
Não há nome para se dar a quem perde um filho. Porque não era suposto acontecer .
Porque de todos os acontecimentos anti-natura que existem no mundo, este é o mais duro de todos.
Depois disto não há mais nada: o chão dilui-se debaixo dos pés, o céu azul deixa de fazer sentido e o coração,que batia dentro e fora do corpo de um pai/mãe, morre definitivamente,juntamente com a vida tremenda que se apagou.
Depois de se perder um filho, não se consegue perder mais nada, porque já se perdeu tudo.
Para sempre.
E de todos os retornos impossíveis,este é o mais impossível e aterradoramente esmagador.
à memória do V. (2012-2013)
:(
ResponderEliminarnão é suposto mesmo... Sinto muito *
um beijo para ti*
Eliminarbeijinho
Eliminar