quinta-feira, 3 de julho de 2014

seco,duro,cru e estupidamente real


só agora vi este filme, apesar de já o querer ver desde que saiu no cinema. Sabia de antemão que mesmo que o fosse ver no cinema, a sensação de soco no estômago seria a mesma, se caso optasse por o ver em casa, no meu sofá.
foi o que aconteceu.
claro que vindo do Michael Haneke, não estava obviamente à espera de um mundo cor de rosa e de bandas sonoras memoráveis, porque aqui o memorável que se agarra às paredes do estômago é a crueza de uma realidade, ao som de um silêncio perturbante.
a questão é que isto é mais do que um filme. isto infelizmente é o reverso da medalha de tudo aquilo que é bom na vida:  é o lado negro, o poço escuro, a caverna.
este filme, que não é bonito de se ver, retrata um exemplo dos limites da dedicação e resistência humanas, mostra-nos o quão bonitos e saudáveis e quase eruditamente infinitos somos hoje. E amanhã....somos nada.
assistir à degradação crua e impiedosa de alguém que é tanto e foi tanto para nós, é das coisas mais atrozes que existem. infelizmente tenho-a na minha história de vida e só posso dizer que felizes são os que não sabem o que isso é. 

é na grandiosidade dos sentimentos que reside o melhor da essência humana e era tão bom que se tomasse isto como ponto de partida, logo desde os primórdios da existência.

e se não quiserem saber destes assuntos para nada, não vejam este filme, esqueçam este texto, mas também não pensem que isto só acontece aos outros.

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