sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Velha Infância







Sempre achei que o pilar base de um ser humano,assenta nos seus primordiais primeiros anos,onde tudo existe,se faz e acontece,pela primeira vez.
A infância é o nosso molde,enquanto pessoas e ao mesmo tempo,a rampa de lançamento para toda uma vida que nos espera. Nunca este assunto (que sempre foi tão importante para mim) me "tocou" tanto,como agora,que sou mãe e claro,escusado será dizer que "não tenho estofo psicológico" para ver e ouvir casos de infâncias tristes,tais como aqueles em que começam por "Recém-nascido abandonado" e afins. 
Sou um Ser Humano,que pertence afortunadamente ao rol das infâncias felizes,com pais presentes,com muitas brincadeiras sem grandes artefactos materiais,com desenhos animados inesquecíveis e com um contacto profundo com a Natureza. Teve uma importância abismal para mim ter passado longos momentos dos meus primeiros anos (diga-se,11 anos),na quinta dos meus avós,um paraíso,tal como ainda hoje a relembro,em Ovar.
Ali inventava histórias que habitavam no meu imaginário e com toda aquela idílica envolvência,dava-lhes forma e conteúdo; adorava,do alto do meu "palmo e meio",participar das vindimas e ficar toda picada dos mosquitos (o entusiasmo era tanto,que a comichão era irrelevante); adorava saltitar de árvore em árvore e ir apanhando fruta,até sentir o estômago a "pedir socorro"; adorava ir buscar os ovos (tarefa que a minha avó reservava especialmente para mim) ao galinheiro e claro,adorava interagir com os animais.
A minha paixão por animais foi bastante impulsionada por esta minha grande experiência e vivência de infância,que foi a quinta dos meus avós.
 E também posso dizer que foi daqui que veio a minha decisão de deixar de comer carne :quando ao longo do meu crescimento fui descobrindo certos factos,como por exemplo,o facto de nem tudo o que se comia vir da terra ou das árvores  e que efectivamente os meus amiguinhos peludos,com os quais inventava histórias no fim de semana anterior,já não estarem ali,nos seus sítios de sempre...creio que foram estes os primeiros sabores amargos da minha infância,que nos ajudam a preparar-mo-nos para uma vida,toda ela agridoce .
Mas com todas as suas experiências,descobertas,sabores doces e amargos,a recordação da minha infância é sem dúvida,um "colo" no qual eu me aconchego sempre que preciso ou simplesmente...me apetece; tais como determinados cheiros que têm o fantástico poder de me transportar de forma imediata para estas memórias onde eu tantas vezes "me sento e descanso"...


1 comentário:

  1. Que bom que tiveste uma infância tão preciosa, Cláudia! E que bom também saberes reconhecer isso, por norma há a tendência de só se dar valor às coisas que não se tem... E que sorte teres crescido numa quinta! Eu tive algum contacto com o campo, na aldeia da minha avó e ainda sonho um dia mudar-me para perto do que mais feliz me faz - a natureza! :)

    beijinhos

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