terça-feira, 16 de setembro de 2014

as intermitências da vida







Agora, pelo seu aniversário, comprámos-lhe uma bicicleta.
Uma bicicleta que veio com um pacote de recordações instantâneas, as quais já um tanto diluídas na minha memory lane, mas que num ápice ( os prodígios inigualáveis da mente humana ) invadiram o meu presente.
A menina que seguia em cima dela, em curvas ondulantes e desajeitadas, era eu, amparada cuidadosamente pela mão firme e consciente do meu pai, que simultaneamente me dava as instruções indicadas para que eu atinasse com os pedais.
Por instantes, aquele pacote de recordações instantâneas que veio com a bicicleta da minha filha, fez-me sentir por inteiro um passado diluído já em 30 anos de vivências.
Por instantes o meu pai ainda estava comigo, inteiro, sem doenças a trespassá-lo, a ele, e a mim, cujo trespasse me fez rasgos para sempre.
Por instantes, fui eu, a menina do meu pai, a aprender a andar de bicicleta.  

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