segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

season´s greetings

a pausa pela qual gritávamos em surdina, chegou.
precisávamos de sentir distância do meio habitual, das pessoas habituais, dos sítios habituais, aliados aos rituais tão habituais quanto ligar uma televisão ou um computador, passar demasiado tempo ao telefone, atrofiar os movimentos em gestos por demais mecânicos e quotidianamente sincronizados.
na semana que passou, quisemos romper para lá da membrana diária que nos envolve na maior parte dos dias e procurar ar novo e transparentemente limpo, imaculado até.
o tempo não existe em lugares assim, porque o tempo ali não tem importância;
em lugares assim, a memória é um vaso de flores, que perdura na janela de uma casa perdida nos tempos de agora.
a contagem cronológica cede  lugar ao compasso bucólico do que existiu, antes daquilo que existe no momento presente.
não me interessam os relógios, para dizer a verdade, estou farta deles.
da vida apenas levamos as memórias que o coração quis abraçar.

e o coração nada sabe de minutos contados.







 agora não posso deixar de vos desejar, a todos os que por aqui passam e me leem, um natal cheio de momentos felizes,porque são esses momentos que levamos da vida.
e comecem desde já a catalisar as vossas boas energias e pensamentos, para o novo ano que está ao virar da esquina. Eu já comecei .





FELIZ NaTaL*+*+***+


 ...e um 2015 em cheio! *+*+*+*+* :)

 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

quero ir por aí

não faria muito sentido eu escrever um texto, puxando a brasa à sardinha alfacinha, tendo em conta que eu sou mulher do norte. Nestas coisas, eu ajo como nas preferências futebolísticas: sou da selecção portuguesa. Ponto.
já referi por aqui, que gosto muito do meu país;  nele habitam e só dele são próprias, coisas que a todos os outros países do mundo fazem despontar uma razoável inveja e é natural. Também eu com toda a certeza a sentiria, em relação a determinadas coisas.
agora e já há mais de uma década, que a minha casa é em Lisboa, mas tenho uma (felizmente) rica história de vida nas raízes e terras nortenhas, onde não há menos coisas bonitas a acontecerem, comparativamente com a capital e bom exemplo disso, temos o Porto, que foi considerado melhor destino turístico. Por falar nisso, tenho de o revisitar. Tenho saudades dele, dos sítios novos que entretanto lhe fizeram nascer e renascer, sinto-lhe a falta de uma espécie de colo nostálgico alusivo aos meus primeiros anos de idade adulta, para não falar daquela pronúncia escandalosamente bem disposta (ou irada!) que não existe em mais lado nenhum.
entretanto, o melhor é ir curtindo da melhor forma aquilo que está à nossa volta, seja qual fôr o sítio em que habitemos e nesta época natalícia, confusões e multidões à parte, há que tirar ainda melhor proveito, pois é inegável a auréola quase mística que pulula por todo o lado.
por isso, só vos digo que um dia passado sem as confusões de trânsito/carro, a palmilhar os cantos e recantos desta cidade que eu adoro, que é Lisboa, conhecer-lhe demoradamente os segredos que alberga, fluir-lhe nas suas artérias de histórias e desaguar no azul de um rio imenso, é o mesmo que dizer que no final do dia se regressa a casa de coração cheio.
e não são precisos grandes planos: basta sairmos de casa confortáveis, mochila às costas, máquina fotográfica munida de bateria cheia, boa disposição...e o resto acontece, naturalmente.
raras vezes o tiro sairá pela culatra.
e agora, arremato com uma pequena citação de um escritor que eu adoro, o Afonso Cruz e tanta razão tem naquilo que diz:

       a felicidade é uma péssima corredora e é fácil fugirmos dela.
       em contrapartida, a tristeza é uma excelente corredora.

      apanha-nos facilmente.      






sexta-feira, 28 de novembro de 2014

just Kate

 


"I like old-fashioned things.
I like reading Fitzgerald, Oscar Wilde, Evelyn Waugh, all those classics.
And then, I just like rock'n roll. Old or new."

           Kate Moss

faço minhas, as palavras dela.

e quem sou eu para lhe contestar os gostos...?






domingo, 23 de novembro de 2014

temporada aberta


quando há um ser pequeno numa casa, daqueles seres que no nosso incrédulo subconsciente parecem ter nascido há poucos dias, mas que na realidade, já nasceram há tempo suficiente para fazer a sua vontade e opinião saírem disparadas sem qualquer tipo de pudores, pode-se dizer que o Natal não é quando o homem quer. Nem a mulher.
é a criança, senhores.
como tal, a fidelização que eu tinha (até então) em realizar as decorações natalícias no primeiro dia de Dezembro, esfumou-se no trilho do trenó do pai natal.
na verdade, é coisa que não me aborrece nada. É sinal que ela anda feliz, entusiasmada, alegre com a sua vidinha, por isso, a nossa casa já está preparada para as festividades.
não sei por quanto tempo se aguentarão as bolas e as fitas na árvore, dado que:  3 anos # 3 gatos = escravatura organizacional.
mas há vida nesta casa e isso é o que interessa.






sexta-feira, 21 de novembro de 2014

danças soturnas

por vezes tenho a cabeça cheia de tanto, quanto o espaço de uma folha em branco
tento dar voltas na vida, tantas, quanto as voltas que dou na cama
momentos em que olho para dentro de mim e há o enigma obscuro de um poço sem fundo.
por vezes.

há momentos nos quais vislumbro o meu lado terrífico de uma impulsividade desmedida
e então agarro-me ao descalabro do instante, mesmo que o instante me transforme em vidro fosco e me parta logo a seguir em pedaços irreparáveis.
há momentos.

escuto-me sempre, quando dou por mim em gritos ensurdecedores comigo mesma
gritos mudos e acutilantes
gritos secos e impiedosos.
escuto-me.

por vezes. há momentos. em que tenho de me escutar.




terça-feira, 18 de novembro de 2014

essenciais

hoje o dia acordou para nós, com palavras doces e gatafunhos no orvalho da manhã.

há pouca coisa melhor do que isto.

definitivamente o Outono mora aqui, com os seus brandos e ternos costumes.







e agora vou falar-vos de um livro que estou a ler (quase quase no fim) e que entrou já para o rol daqueles que nos soqueiam a seco no estômago, sem misericórdia:
de nome original "Tiger tiger" , este é o relato verídico de uma mulher que, quando criança foi deliberadamente íntima de um homem, transpondo aos olhos de nós, leitores, um universo chocante ,
tragicamente real e que simultâneamente, faz com que nós, leitores - pais , estejamos inevitavelmente atentos a todos os pormenores, todos os sinais, porque aos olhos de uma criança, o abominável homem das neves pode facilmente ser o anão simpático da Branca de Neve.
este livro foi uma boa descoberta e surpresa, surpresa essa que me foi dada a conhecer por uma grandessíssima amiga, agora pelo meu aniversário, e que no momento em que mo ofereceu, advertiu-me para o seu duro conteúdo. Foi da maneira que, deixando uns outros tantos (ainda) em espera na estante, me atirei a ele, ao livro.






entretanto, a miúda cá de casa já anda a falar no pai natal e afins.
e estamos cá para lhe satisfazermos os desejos, por isso, já andamos em pré-preparações natalícias cá em casa .

 

 e tanto que há de bom nisto tudo.






terça-feira, 11 de novembro de 2014

keep calm and seize the day

funciona como uma espécie de baptismo ( baPtismo, jamais escreverei à luz do novo acordo ortográfico,prefiro caminhar na sombra da antiga forma de escrita.) nós, sempre que pudermos, fazermos aquilo que realmente nos faz sentir vivos.
obviamente que não é a acordar ainda antes da própria manhã alvorecer, nem a meter-me no carro direccionado a um trabalho que mais não é do que um meio para atingir um fim específico - vulgo, final do mês - , nem a ir ao supermercado, que encontro esse dom baptismal.
porque todos os dias é mais do mesmo e o mesmo é elevado ao cubo, por sua vez, enésimas vezes.

portanto, chega o dia de folga e:
*espreguiço o corpo acordado, cedo sim, mas um cedo aceitável, natural e limpo de despertadores
*sorvo de imediato a sonoridade deliciosa do "bom dia mamã!" que funciona como um elixir revigorante para o resto do dia
*quando me encontro numa das melhores companhias do mundo (a minha),  arrojo-me ( sem tempos, sem ritmos demarcados e sem imposições), aos pequenos mundos, que fazem tanto por mim.
nada sou sem eles.
e eles sempre ali, à minha espera.
à espera de que eu faça sempre do meu próprio mundo, um lugar melhor para viver, todos os dias.

pedirei assim tanto, contentando-me no entanto com tão pouco...?







segunda-feira, 10 de novembro de 2014

as pessoas



A Crueldade tem humano coração
Tem a Intolerância, humano rosto
O Terror, a humana forma
O Secretismo, humano traje posto.

O Traje Humano é ferro forjado,
A Humana Forma, é forja incendiada
O Humano Rosto, fornalha bem selada,
O Humano Coração, abismo seu esfaimado.

in, "Uma Imagem Divina", William Blake

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

os parêntesis essenciais








e pronto. acabaram-se as festividades e os 38 já cá moram.
este ano, o convívio feminino da praxe veio a preceito,tal como pedia o convite e fomos miúdas bem dispostas, flores,muitos risos, pés descalços, música revivalista, boa comida e óptima bebida, durante umas horas que são sempre muito bem passadas.

a miúda pequena cá de casa adorou cantar os parabéns e mais uma vez se encantou com todo o semblante com o qual se vestem os festejos de aniversários,  e no entusiasmo dela, revisitei o meu próprio entusiasmo que enverguei durante anos consecutivos da minha vida, mas que agora sinto que já está muito esmorecido.
agora o que eu sinto dentro de mim é uma necessidade urgente de paz, de sossego, de silêncio e claro está que estes 3 elementos são pouco coniventes com "festas". Daí também o tal esmorecimento.

o que está completamente aliado a esta minha necessidade, é o sítio que escolhi para passar os  primeiros dias do meu novo ano.


Sintra está nos lugares primordiais do meu reportório privado de felicidade.
tenho a certeza absoluta que acaso eu conhecesse infinitos lugares do mundo, retornava sempre a esta vila situada no limbo entre a terra e o paraíso, suspensa sobre a natureza e que me alberga o espírito numa serenidade absoluta.
durante anos, morei muito perto, mas não o suficientemente perto para lhe sentir a sua essência esmagadoramente bela, todos os dias, a cada minuto.
e no entanto, de cada vez que admiro de perto a Serra, observo aquelas escarpas plenas de arvoredo selvagem que aparentam esconder segredos milenares, torno sempre ao lugar estranho de que tudo aquilo me é visceralmente familiar.
por tudo isto, elegi Sintra, paixão eterna, para  respirar e inclusivé pernoitar, nestes primeiros dias dos meus 38 anos.
e o que retenho cá dentro dessa experiência, é um tanto dificil de verbalizar,porque há coisas que não se verbalizam.

sentem-se.