terça-feira, 7 de outubro de 2014

para onde vão os guarda-chuvas



 
escrever sobre guarda-chuvas, num dia como o de hoje, é calçar uma luva na perfeição.
um dos livros que mais me marcou e com toda a certeza, nunca o irei esquecer, é sem dúvida o "Para onde vão os guarda-chuvas", do Afonso Cruz, em que a sublime simplicidade da linguagem e da própria narrativa, seduz o leitor, perante a tirania de um Islão cruel.
o texto é por si só, um pedaço agridoce absolutamente delicioso, onde não há contos de fadas e a dura realidade é trocada "em miúdos".
há várias passagens do livro que ficam para a vida e por isso, fiz questão de as anotar à parte, para que,sempre que me apeteça, as recorde.
uma dessas inúmeras passagens é esta. fiquem com ela, anotem-na e alimentem-se dela sempre.

Os dias que compõem a nossa vida, são gerados dentro de nós, como uma gravidez.
Quando desejamos alguma coisa que está fora do presente, ou seja, quando desejamos o futuro, isso faz nascer o embrião do dia seguinte...e esse dia vai crescendo dentro de nós, alimentado pelas recordações e pelo desejo de viver. Umas quantas horas depois, esse dia nasce.
E o mesmo sucederá com todos os dias que nos farão velhos, até chegar a altura em que nós, gastos, sem desejo, nos esqueceremos de desejar o futuro e o dia seguinte morrerá dentro da nossa barriga.

e em dia de chuva e de folga, cuja noite se auspicia ainda melhor, a banda sonora é esta, provavelmente a melhor de todos os tempos, de um dos meus filmes de sempre :










2 comentários:

  1. tenho ca em casa para ler desde março e ainda nao lhe peguei! penso que muito em breve o farei :)
    bonita passagem!

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  2. anda a faltar-me tempo para ler... :( os livros amontoam-se à minha espera mas também gosto de os ver assim, por todo o lado... como sabes, um dos filmes/bandas sonoras da minha vida também! :)

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