terça-feira, 26 de agosto de 2014

aprendizagem ou auto-controlo




Absolute Beginners , David Bowie

ou uma das minhas preferidas, de todos os tempos.


Quando em pequena ouvia os mais velhos a queixarem-se de que a vida era sempre a correr, não estava de acordo com eles. Claro que eu na altura, do alto da ingenuidade característica de criança, considerava que o tempo que a vida nos dava, chegava e sobrava para tudo, por vezes até se tinha de pensar no que fazer para o ocupar.
Saudades dessa inconsciência infantil.
Agora compreendo com todas as letras, com todos os poros, a razão desse queixume adulto, que sempre foi uma eterna consumição para os que me rodeavam. E ainda o é, só que agora também eu sou um deles e  faço igualmente parte desse chorinho.
Tenho um defeito terrível, que é o "síndrome da impaciência, causado pelo tempo perdido", ou seja, se estiver mais do que 5 minutos numa fila de caixa de supermercado, multibanco, ou algo do género, começo literalmente com um nervoso miudinho que me consome desde a ponta dos dedos dos pés, até à cabeça. Se nesses minutos que estiver à espera, puder aproveitar o meu tão precioso e escasso tempo, como por exemplo a sacar do livro que tenho na mala, ou a pensar em mil e uma coisas que tenho/quero fazer, já não tomarei esse tempo de espera tão perdido assim...o problema é quando sou tão somente consumida por essa sensação de insuportabilidade nevrálgica e não há leitura ou pensamento que a dissipe.
Estamos sempre a aprender. Era eu essa tal criança que tinha o tempo do mundo nas minhas mãos e tanto aprendi nessa altura, sou agora a adulta que não vai nunca fechar as portas à aprendizagem das mais pequenas coisas, que o dia a dia nos traz.
Aprender a gerir o tempo é uma delas; aprender a controlar a minha impaciência é outra; aprender a manusear os mecanismos da calma,idem.
E todos todos todos os dias há algo novo para aprender e, porque não até, nos deslumbrar com.
A prova de fogo é ter um filho, como já aqui o referi várias vezes. E é essa a prioridade absoluta, senão é melhor não os ter, os filhos.
Como tal, estando a prioridade tratada, o resto pode esperar.

Porque a criança de há  anos atrás, que se vangloriava do tanto que fazia do tempo que era muito e só seu, continua "cá dentro" a querer que seja feita a sua vontade. Com toda a paciência, arte, gestão ou perícia que isso possa envolver.



1 comentário: