preciso das horas tardias da noite, em que me escapo para o silêncio.
preciso desse tempo, durante o qual todos os meus sentidos tacteiam, mesmo aquilo que jamais poderá ser tocado.
de forma alguma me sinto mais autêntica, na verdadeira essência do que sou, em qualquer outra hora do dia.
quero estar comigo, nem que seja por ínfimos minutos cronometrados e roubados à vida inevitável de todos os dias.
roubar vida à vida, para poder viver ainda mais
não se trata de egoísmo, mas de sensatez e amor-próprio
amar-me a mim, para de forma absolutamente resoluta, amar os outros e adquirir um considerável nível de tolerância indispensável no kit de sobrevivência.
preciso de me fazer submergir nas horas quase proibidas da noite e desta forma refazer-me, sem redundâncias inúteis e repetidas
preciso de olhar e divagar para além do negro do céu e com isso saber que me impregno de luz.
preciso da noite, tal como o sol precisa do dia.
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